
Nascido em 1942, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, e falecido em Campinas, São Paulo, em 2010. Formado em Letras, fez mestrado e doutorado em Sociologia na Universidade de Cornell. Influenciado por seu colega Manoel Berlinck, veio para o Brasil pesquisar, e por aqui ficou para viver e trabalhar (SYDENSTRICKER-NETO, 2020). Em 1972, tornou-se professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e, juntamente com a Professora Elza Berquó, construiu uma área de estudos de população na UNICAMP, criando uma linha de pesquisa sobre o tema População e Ambiente (P-A), no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) daquela Universidade impulsionando o debate do tema para fora de seus muros a partir da articulação com a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP). Desde o início de sua carreira, trabalhando em equipe e sobre temas desafiadores, com coragem e leveza, buscou a interdisciplinaridade, não só na teoria, como na prática. Permanece sendo lembrado como um pesquisador que praticava uma interdisciplinaridade pragmática com grande capacidade de escuta (MONTEIRO, 2020), capacidade essa que abrangia tanto o que estava sendo dito, quanto também o que estava sendo silenciado (GALIZONI; RIBEIRO, 2019). A integração entre teoria e prática interdisciplinar foi, aliás, uma marca evidente, tanto na sua pesquisa científica quanto na gestão acadêmica que permeia sua contribuição na fundação de dois núcleos interdisciplinares da UNICAMP – o Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (NEPO/UNICAMP), que coordenou entre 1998 e 2002, e o Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM), de que foi coordenador de 1991 a 1997 –, e, também, sua atuação como assessor para Assuntos Interdisciplinares dos reitores Paulo Renato Souza e Carlos Vogt, entre 1988 e 1991 (HOGAN; PHILIPPI Jr., 2000). Daniel Hogan tornou-se um dos maiores pesquisadores sobre a relação entre população, sociedade e ambiente no Brasil e um grande nome na defesa dos estudos e práticas de pesquisa interdisciplinares. Segundo depoimento de George Martine (CARMO; JOHANSEN, 2015), que esteve ao seu lado na construção da demografia ambiental brasileira, ele exerceu um importante papel na internalização das preocupações ambientais para a comunidade demográfica brasileira, conseguiu desarmar diversas armadilhas (neo)malthusianas que permeavam o debate sobre P-A e trouxe a questão espacial para dentro da demografia.
Principais Trabalhos Acadêmicos
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HOGAN, D. J. Cidades: usos e abusos. São Paulo: Brasiliense, 1978.
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HOGAN, D. J.; BERQUÓ, E. (Org.) ; COSTA, H. S. M. (Org.) . Population and Environment in Brazil: Rio + 10. 1. ed. Campinas, SP: MPC Artes Gráficas de Papel, 2002. v. 01. 311p
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HOGAN, D. J. Mobilidade populacional, sustentabilidade ambiental e vulnerabilidade social. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 323-338, jul./dez. 2005.
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HOGAN, D. J. Mobilidade populacional e meio ambiente. Revista Brasileira de Estudos de População, Brasília, v. 15, n. 2, p. 83-92, 1998.
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HOGAN, D. J. Crescimento demográfico e meio ambiente. Revista Brasileira de Estudos de População, Campinas, v. 8, n. 1/2, p. 61-70, jan./dez. 1991.
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HOGAN, D. J. População, pobreza e poluição em Cubatão, São Paulo. In: MARTINE, G. População, meio ambiente e desenvolvimento. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
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HOGAN, D. J.; TOLMASQUIM, M. T. (Org.) . Human Dimensions of Global Environmental Change: Brazilian perspectives. 1. ed. Rio de Janeiro, RJ: ABC, 2001. v. 01. 392p.
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HOGAN, D. J.; MARANDOLA JR., Eduardo . Towards an interdisciplinary conceptualisation of vulnerability. Population, Space and Place, Wiley & Sons, v. 11, n.6, p. 455-471, 2005.